A nossa vida ensina que tudo é relacionamento. Para ser feliz, ter realizações e ser próspero, no ambiente de trabalho e fora dele é bom entender que quem não está conectado às possibilidades, está perdendo oportunidades de se desenvolver e desenvolver o ambiente à sua volta.

Nada tem muito sentido se não houver envolvimento associado à possibilidade de desenvolvimento. E é nesse sentido que surge o “Fenômeno Ilha” nas empresas.

Você conhece ou já trabalhou em uma empresa com muitos anos de vida e que mantém seu modelo de gestão engessado? E com um colega que atuam há muito tempo em um mesmo cargo e não conseguem se sobressair em uma nova função? E com aquele gestor que não acredita no potencial da empresa e da equipe e nega ações inovadoras, com um apelo: não se mexe em time que está ganhando?

Pois é, muitas dessas situações refletem o chamado “Fenômeno Ilha”, um dos comportamentos mais comprometedores na área de gestão de pessoas e que atrapalha o crescimento profissional. Ligado à estagnação, esse fenômeno é favorecido tanto pela falta de incentivo das empresas, que muitas vezes não dão oportunidades à sua equipe de acompanhar as inovações e agregar valores ao negócio, quanto pela má qualificação do profissional e a limitação do seu pensamento criativo, uma barreira que impede a originalidade ou até mesmo constrói uma imagem distorcida do que é felicidade no trabalho.

O “Fenômeno Ilha” nada mais é do que a estagnação no ambiente de trabalho e que se reflete na vida como um todo. Empresas com o modelo de gestão engessado, pessoas que ficam muito tempo num cargo e já não sabem mais o que poderiam fazer ou porque não sabem mesmo ou porque não são estimuladas e a falta de atualização e de percepção. Ilha tem a ver com o isolamento; o ser humano tem por hábito e vício, acomodar-se de alguma maneira, ou por acreditar que já fez muito, ou por acreditar que não tem o que fazer ou porque não tem metas e objetivos claros e definidos. Aí somos o tempo todo bombardeados, “auto bombardeio”, de sabotadores mentais que chamamos de crenças: “eu não consigo fazer isso, isso não vai dar certo, já tentei e não rolou… acho que não vai dar, meu chefe não vai querer, não serei aprovado!”

Ao passar a acreditar nessas “falsas verdades” nos isolamos e promovemos esse efeito ilha em nossas vidas. No mercado de academias temos por hábito querer reinventar o tempo inteiro, mas parece que há um preconceito com o que de fato significa futuro e aí o tratamos como algo longe, que ainda vai demorar, sem percebermos que o agora faz parte desse futuro também.

Para que os profissionais se mantenham competitivamente ativos, é importante combater essa situação cuja característica é o isolamento. Muitas vezes ela acontece pela falta de incentivos das empresas às suas áreas de Recursos Humanos, já que não enxergam a importância de tratar bem sua equipe para, como consequência, os clientes externos serem bem tratados também. E ter funcionários mal remunerados, por exemplo, traz ainda mais reflexos: a má qualificação desse profissional que não vê chance de crescer e a impossibilidade de a empresa fazer muitas exigências em relação a eles.

As pesquisas supervalorizam as pessoas que estão felizes no trabalho, mas nem sempre é simples mensurar e afirmar isso com certeza. Você já parou para pensar se está realizado com o que faz hoje profissionalmente? Para ajudar nessa reflexão, se pergunte: tendo ou não alcançado as metas da minha função, estou motivado e entusiasmado? Essa resposta exige pensar além dos objetivos organizacionais e ter uma visão de mundo mais rica.

Se pretende trilhar novos caminhos, independentemente se o seu cargo atual é mais estratégico, gerencial ou operacional, minha dica é: desconstrua-se e destrua pensamentos que impedem novas ideias! Que tal começar se questionando se a empresa em que trabalha hoje tem a ver de fato com você? Em vez de continuar desalinhado com o que acredita, é melhor ter lucidez o quanto antes e montar um plano para mudar de ares.

O propósito do trabalho tem a ver com aquilo que temos de melhor, que são nossas competências naturais e tudo o que nos encanta fazer. E disso não podemos abrir mão! No momento em que percebemos que a forma de trabalhar não faz mais sentido, é preciso tomar as próprias decisões e lutar para conquistar o que se gosta. É uma saída infinitamente melhor do que se forçar – ou ser forçado – a gostar do que faz e conquista, apenas por costume.

Já dizia Peter Drucker que “Planos não passam de boas intenções, a menos que se transformem imediatamente em trabalho duro”, então não podemos perder a oportunidade de sermos autênticos e independentes. Por isso, considero uma cilada ficar sempre a serviço daquilo que você ainda não alcançou e pensar nas metas como motivação e alcance de alta performance. Foque em você e trabalhe por um significado, seja ele qual for, desde que importante para sua vida!

Vale a pena refletir sobre o que realmente importa no seu trabalho, pensando tanto na empresa em que você está, quanto na função que exerce propriamente. Tendo isso claro, evita se submeter a verdades impostas e perder o poder de dizer o que pensa e fazer o que gosta – independentemente do nome da empresa que consta ou irá constar no seu crachá! O autoconhecimento é de extrema importância nesse processo, até para evitar aquela antiga expressão do “trocar seis por meia dúzia”. Lembre-se: “sair da caixa” é importante, mas de nada adianta sair de uma para entrar em outra!

E para conseguir o que se deseja na vida, comece decidindo o que você quer. Depois disso, analise onde está (seu estado atual), onde quer chegar (seu estado desejado) e o que é preciso fazer para chegar lá (quais recursos necessito). Isso não quer dizer que necessariamente você tenha que fazer as malas e partir rumo a uma outra empresa, talvez a mudança de departamento, de funções ou de postura já sejam suficientes para você começar – ou voltar – a crescer e se tornar um profissional melhor. Seja você dono, gestor ou colaborador!

 

(*) Cris Santos é fundadora e diretora da BrainFit, master coach pela SLAC (Sociedade Latino-Americana de Coaching), Headhunter, especialista em DISC, motivadores pela TTI Success Insights e Assessment comportamental pela SLAC. É também palestrante e professora, formada em educação física pela FEC DO ABC, com MBA em Gestão de Pessoas pela FMU e formação em Business Communication no Australian College. Autora do livro: “Um business chamado liderança.”

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